Recentemente ganhei e comprei vários livros que encheram a minha estante na “biblioteca” de casa. Chamo assim, pois são vários livros que juntei ao longo da vida e também livros que foram acumulados quando juntei a minha vida com a minha esposa. Então temos uma quantidade relevantes de livros.
Dito isso, para poder adquirir livros novos preciso liberar espaço, então decidi ler livros que eu vinha guardando já a algum tempo esperando a oportunidade ler, mas nunca lendo. Foi assim que peguei alguns livros para ler e trocar no sebo ou doar depois de terem sido, finalmente, lidos.
Esse é um deles.
O Eclipse da Alvorada (The Eclipse of Dawn, 1971) é o romance de estreia do autor Gordon Eklund. O livro se passa em um futuro (no ano de 1988) onde os Estados Unidos colapsaram devido a uma combinação de guerra civil interna e embargo estrangeiro, o que levou o país ao caos e à perda de sua posição de destaque no mundo. O governo federal foi forçado a abandonar Washington D.C., que ficou em ruínas, e transferiu sua sede para a Califórnia.
O enredo gira em torno de Jack Jacobi, um escritor que é contratado para escrever um livro sobre a campanha presidencial de Robert Colonby, um senador americano que está concorrendo à presidência do que sobrou dos EUA e que promete a reconstrução da glória americana com a ajuda de alienígenas Octaurianos que estão em Júpiter aguardando contato para poder ajudar a humanidade.
Acompanhamos a comitiva do candidato Colonby através da visão cínica de Jack Jacobi que segue a comitiva com sua irmã Susan que, por sua vez, diz se comunicar telepaticamente com os alienígenas.
Descobrimos que o Japão enviou a nave espacial Bird para Júpiter onde tentará encontrar esses Octaurianos que Susan afirma que salvarão a humanidade. Colonby viaja pelo país fragmentando, o sul dominando por um separatismo racial e o leste completamente devastado.
Em meio a essa distopia surge a Igreja da República Ressuscitada, uma mescla de patriotismo e religião messiânica e um grupo que está viajando e reconstruindo o país, prédio a prédio.
Quanto mais a nave japonesa se aproxima de Júpiter, mais a corrida presidencial se aproxima do fim e segredos são revelados.
Personagens Principais
Jack Jacobi: Narrador da história, é um escritor fracassado que tenta ressuscitar sua carreira escrevendo a biografia de Colonby. Jacobi é um personagem cínico, desiludido e moralmente questionável, mais interessado em benefício próprio do que em qualquer idealismo.
Robert F. Colonby: Candidato à presidência, figura central da campanha para “ressuscitar” a república americana. Colonby é retratado como um messias político, mas sua campanha atrai pessoas instáveis e corruptas, e suas intenções são ambíguas.
Denise: Figura influente na campanha de Colonby e ex-amante do candidato. Ela se envolve romanticamente com Jacobi, tornando-se um elo entre o protagonista e o núcleo do poder político.
Susan (irmã de Jacobi): Tem alegadas habilidades telepáticas e afirma se comunicar com alienígenas de Júpiter, tornando-se objeto de interesse da campanha de Colonby, que vê nela uma possível conexão com as forças externas que poderiam salvar o país.
Algumas considerações
Essa edição que eu peguei foi publicada em Portugal pela Galeria Panorama e vendida em todos os países lusófonos por diversas distribuidoras diferentes, mas o que me chamou a atenção foi esse detalhe de papel especial para leitura noturna. Realmente parece que algumas folhas possuem uma tonalidade meio azulada, similar a tinta que brilha no escuro (espero que não seja radioativa).
Dito isso, tive dificuldade com o português de Portugal e minha quinta série foi seriamente cutucada com a “formação de bichas”, “algures”, e outras palavras e termos que não nos são comuns no Brasil.
Também fiquei chocado com essa falha na diagramação do livro na página 72 (e também na 71) da edição que eu li. Gostaria de saber como foi o processo de diagramação que causou esse erro tão peculiar.
É interessante notar como nessa época em que o livro foi escrito (final dos anos 60 e começo dos anos 70) havia um medo de alguns americanos que o Japão se tornasse uma superpotência emergente, tendo sido o Japão, nessa história, a impor uma quarentena (no sentido de embargo econômico) aos EUA após a queda do governo pelas guerras civis.
Também é o Japão quem assumiu a vanguarda da exploração espacial enviando a nave Bird até Júpiter para entrar em contato com os Octaurianos das visões de Susan.
Não é incomum que o Japão tenha sido retratado com uma nação que assumiria como superpotência no lugar os EUA. Basta olharmos para Blade Runner e também par RoboCop, em especial, o terceiro filme da franquia.
Também se nota que os “eletrocarros” citados vária vezes na história tem origem alemã, já que a pelas guerras a indústria automobilística americana não deve mais existir.
Não é possível deixar de fazer alusões a um fascismo pseudo-religioso que se ergue aproveitando da fragilidade da sociedade decadente e de líderes inescrupulosos que fazem de tudo para alcançar o poder.