Übernerd
Quando ser nerd não é o bastante
A primeira vez que a palavra “nerd” foi usada ocorreu em 1950, quando o autor de livros infantis Dr. Seuss usou esse termo para nomear uma criatura estranha em seu livro If I Ran the Zoo.

Reconhece esse persoangem?
Pouco tempo depois, em 1951, o termo apareceu em uma reportagem da revista Newsweek, sendo usada como gíria para descrever jovens “quadrados” em Detroit, com conotação pejorativa para pessoas socialmente desajeitadas ou aqueles que preferiam os estudos às interações sociais.
Com o passar do tempo, especialmente nas décadas 60 e 70, a expressão passou a descrever pessoas muito interessadas em temas acadêmicos e tecnologia (o computador estava começando a se tornar parte do cotidiano), porém de forma ainda muito pejorativa, principalmente relacionada a pessoas com dificuldade em interações sociais (para a sociedade da época).
Nos anos 90, mas especialmente nos meados de 2000, essa conotação negativa com o termo nerd foi se transformando com a popularização do modo de vida (afinal, começaram a surgir ricos empresários com relevância tecnológica, primariamente). Assim a cultura nerd que sempre teve um foco em ciência, quadrinhos, filmes, jogos e literatura começaram a permear a cultura pop, tendo um dos principais catalizadores a série “The Big Bang Theory”. Essa popularização e talvez o efeito de se formar uma comunidade de pessoas com interesses em comum acabou fazendo com que a Comic-Con (e outros eventos similares) ganhassem popularidade e se tornassem fenômenos globais.
Tivemos uma popularização dos colecionáveis, quadrinhos e filmes. Tivemos uma adaptação cinematográfica de Senhor dos Anéis, a série Stranger Things trazendo Dungeons & Dragons junto com a cultura nostálgica dos anos 80 para a cultura de massa e filmes sobre personagens de histórias em quadrinhos arrecadando bilhões de dólares em bilheteria ao redor do mundo.
Hoje ser nerd já está na moda, é uma estética. Ser gamer, ser geek, ser nerd é tudo moda, existe uma maneira de se vestir, camisetas com estampas de personagens de quadrinhos, de video-games, de meses, etc.
Übernerd
Ser nerd hoje não é mais o diferencial que era quando a moda começou a entrar no jogo. Hoje há a disputa de egos entre nerds para ver em sabe mais curiosidades obscuras por um personagem ou quem consegue citar mais personagens obscuros. Não basta apenas ter lido os quadrinhos, é necessário conhecer aquele personagem obscuro que só foi publicado em 1977 durante 2 edições.
Talvez tenha começado antes, mas acredito que o expoente desse movimento tenha sido o Quentin Tarantino com seus filmes homenageando as obras que ele consumia freneticamente quando trabalhou em uma video-locadora. Em seus filmes ele trazia diálogos sobre a cultura pop de forma natural e apresentava os personagens com conversas triviais.
Mas o nerd que está mais agradando os fãs devotos atualmente, é o James Gunn. Ele é capaz de trazer personagens desconhecidos do grande público, como os Guardiões da Galáxia e o Pacificador, e torná-los sucesso comerciais. Personagens que não eram muito conhecidos nem mesmo nos quadrinhos.

Há vários canais de YouTube dedicados a explorar detalhadamente cada aspecto e referência de um filme (eu sigo alguns) ou série. Como se não fosse possível apreciar 100% de uma obra sem conseguir absorver todos os detalhes e referências escondidas. Ou, como um biscoito para aqueles que se esforçam para isso.
Será essa uma tendência que a cultura pop está seguindo, ficar eternamente se explorando. Sendo obrigada a esmiuçar ainda mais detalhes pequenos para agradar aqueles que estão mais felizes com sua cultura ter sido popularizada?
O que acha?







Cresci nerd, virei geek, agora não sei mais o que sou... kkk